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domingo, 11 de julho de 2010

Incinerar lixo é insustentável



A incineração é a solução de tratamento dos resíduos sólidos mais cara existente no mundo, além de poluir o ar e é também esponsável pela emissão de dioxinas e furanos, as mais agressivas substâncias já existentes na natureza

Por Bertrand Sampaio de Alencar (Jornal Tribuna Popular)

O lixo é um problema da sociedade, dita moderna, resultante do avanço descomedido da produção e de um consumo estimulado para além da capacidade de suporte do meio ambiente e, sobretudo, desigualmente distribuído nesta mesma sociedade.
O interesse de uma empresa em incinerar o lixo no estado de Pernambuco, antes mais nada, potencializa esta sanha consumista. Ou seja, impõe que precisaremos consumir mais para poder queimar mais. E queimar resíduos significa acelerar o inevitável processo entrópico. A entropia significa depleção dos recursos naturais e redução da capacidade de resiliência dos seres vivos.
A ASPAN – Associação Pernambucana de Defesa da Natureza e todas as entidades que compõem o FLIC/PE – Fórum Estadual Lixo e Cidadania de Pernambuco, defendem que as soluções para a gestão dos resíduos sólidos nas cidades devem atender aos princípios dos 3 Rs – reduzir a produção, reutilizar ao máximo e reciclar, reintegrando estes resíduos sólidos à natureza em forma de composto orgânico e aos processos produtivos na forma de matéria-prima reciclável, sempre nesta ordem.
A energia a partir dos resíduos sólidos deve ocorrer a partir do conceito de máximo aproveitamento, por meio da geração de biogás em aterros sanitários (e até dos lixões ativos e inativos, como forma de remediá-los ambientalmente) e em outros processos de biodigestão. Os benefícios advindos destas soluções devem ser distribuídos à sociedade.
A incineração é a solução de tratamento dos resíduos sólidos mais cara existente no mundo, aumenta o aquecimento global e contribui para agravar o problema das mudanças climáticas, pois estimula o aumento da produção e do consumo, polui o ar e é responsável pela emissão de dioxinas e furanos, as mais agressivas substâncias já existentes na natureza e não elimina a necessidade de aterros sanitários, o que vai encarecer mais ainda os custos de operação dos serviços de limpeza urbana com tratamento e destinação final nos municípios.
O incinerador irá criar um grave problema social com o desemprego de trabalhadores das indústrias e empresas de reciclagem de plástico, papelão, papel e outros materiais de elevado poder calorífico.
Os catadores de materiais recicláveis que sobrevivem dos resíduos sólidos e prestam um serviço exemplar à sociedade ao reintegrar à produção e ao consumo os materiais que esta mesma sociedade joga fora, o que trás benefícios ambientais, sociais, sanitários e econômicos, serão os maiores prejudicados com a destruição da sua única fonte de renda, o que agravará mais ainda o problema social.
Além de todos os problemas sociais, ambientais e econômicos que a incineração provoca, a sua implantação está sendo proposta, de forma absurda, em duas unidades, uma na Mata de Engenho Uchôa, última reserva ecológica com resquícios de Mata Atlântica que existe na cidade do Recife e na sede do município do Cabo de Santo Agostinho, na frente da aglomeração urbana desta urbe, ao lado do rio Pirapama, com riscos evidentes à saúde e ao meio ambiente.
Como dito, a solução do problema do lixo passa pela redução, reutilização e reciclagem do lixo, pela compostagem da matéria orgânica e pela implantação da coleta seletiva operada por organizações de catadores de materiais recicláveis. O aproveitamento energético do lixo deve ocorrer a partir do biogás, por meio dos processos naturais de biodigestão.
Por sua vez, os serviços de limpeza pública devem decorrer de processos licitatórios transparentes e bem elaborados pelas administrações municipais. Devemos insistir na publicização dos serviços de limpeza pública e implantar uma destinação final adequada dos resíduos sólidos em aterros sanitários, os quais devem receber somente a parcela que, por enquanto, é considerada lixo.
O Brasil não precisa incinerar o seu lixo e muito menos em “caixas-pretas” estrangeiras. Agindo assim, estaremos ampliando mais ainda a insustentabilidade no planeta.




Bertrand Sampaio de Alencar é sócio-fundador da ASPAN – Associação Pernambucana de Defesa da Natureza e coordenador do FLIC/PE – Fórum Estadual Lixo e Cidadania de Pernambuco

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O Analfabeto Politico.

O Analfabeto Politico.
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais. Bertold Brecht

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